domingo, 31 de agosto de 2014

Texto selecionado para participar da Olimpíada de Língua Portuguesa 2014:

Até o próximo encontro
Aluna: Bianca Honorato Silva
O vento se espalha pelo interior da casa e invade o quintal, trazendo o aroma do café fresquinho da Dona Dirce. Moradora de São João Clímaco há 75 anos, ela é simpática e receptiva como sempre. Oferece-me uma xícara e prepara-se para rememorar a sua história.
“Se bem me lembro ... Vim de Itapira, interior de São Paulo com apenas quatro anos de idade. As pessoas viviam de forma simples, as casas eram modestas e as famílias unidas. Os meninos brincavam na rua com bolas de meia e as meninas com bonecas de pano, costuradas muitas vezes por suas mães.
Minha mãe era costureira e dona de casa, meu pai, marceneiro, trabalhava no Taboão de Madeira, onde já foi supermercado e atualmente é a Lojas Americanas, no Largo de São João Clímaco.
Em casa, nossos móveis eram simples; na cozinha, um fogão a carvão e uma geladeira marrom, pequeno luxo para a época. Foi uma alegria quando meu pai chegara com aquela novidade. Em época de calor, fazíamos fila para nos refrescarmos um pouco na frente da geladeira.
Todos os dias à tarde meu avô reunia as crianças para contar histórias, casos verídicos muitas vezes. Eu adorava ouvir a do seu Manoel, o qual um dia descobriu que o melhor amigo era amante da sua mulher. Vingativo, ele amarrou o traidor com uma corda e foi arrastando-o até um poço que existia perto de sua casa, jogou o homem lá dentro e foi embora ... Todas as vezes que meu avô passava por aquele lugar, fazia o sinal da cruz – costume que representava o respeito com os mortos.
No verão, Dona Catarina, responsável pela Capelinha, atual Paróquia de São João Clímaco, reunia as crianças e descia com elas a Estrada das Lágrimas com a imagem do santo - que seria o padroeiro da futura igreja - na mão; fazendo as orações, em procissão até onde seria o Residencial São Caetano.
A Escola Estadual Tancredo Neves era um grande lago com águas cristalinas e peixes. Quando o tempo estava seco, costumava-se mergulhar o santo; era uma forma de chamar chuva.
As escolas possuíam normas rígidas, o uso de uniforme era obrigatório e havia horário para entrar e sair. O uniforme das meninas era saia azul-marinho, camiseta branca e tênis, dos meninos era bermuda azul-marinho, camiseta branca e conga – tênis usado para educação física.
O largo São João Clímaco era um grande sítio e ali onde é a Drogaria São Paulo havia uma pereira enorme. Um dia, fui com um amigo roubar pera; fiquei embaixo da árvore vigiando, de repente um pedaço de bambu seco caiu de ponta em cima do dedão do meu pé. Na hora, não senti dor nenhuma, mas, depois de um tempo, a unha começou a latejar e fui parar no hospital. Contraí tétano e tive que ficar alguns dias internada. Até hoje sinto um incômodo nesse dedo.
Quando fiquei mocinha, que época boa! Só usava vestidos ou conjuntos de saias, as moças não usavam calça comprida como agora. O jeito de namorar era outro, sem essas “pegações” de hoje em dia. Existia a paquera, existia o romantismo.
Onde é o Extra São Caetano existia um famoso salão de baile. Foi lá que conheci meu marido. Primeiro a troca de olhares, a aproximação lenta, depois os beijinhos. Até que ele foi pedir minha mão para os meus pais. Eles permitiram, mas sob normas rígidas, hora para sair e para voltar. Íamos a clubes, parques, festas familiares e principalmente ao cinema de São João Clímaco, sempre que havia um filme novo. O cinema se desfez há muito e atualmente o terreno é ocupado pela Igreja Universal do Reino de Deus.
Estivemos casados por mais de meio século. Há quatro anos ele se foi e, desde então, eu moro sozinha. Nossas maiores conquistas, dois filhos e quatro netos, estão sempre presentes. A vida? O passado faz parte da minha história, mas gosto de valorizar o momento presente, como se não houvesse amanhã. Na minha idade, os planos devem ter prazo curto. Não sei quantos capítulos terá ainda a novela da minha vida, mas sei que contando minhas histórias, continuarei existindo nos meus filhos e netos e nas pessoas que gostam de me ouvir.”
O silêncio que se fez foi seguido por um longo abraço de agradecimento, sobretudo da ouvinte.

Dirce Gaspar Souza, 79 anos
Moradora de São João Clímaco há 75 anos

quarta-feira, 25 de junho de 2014

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Trabalhos dos alunos dos 8ºs anos / 2014



Há ótimos trabalhos, outros nem tanto, mas é assim que se aprende: fazendo, comparando, errando, corrigindo, refazendo, interagindo...Parabéns a todos que se esforçaram para conseguir o melhor!



7ª série / 8º ano A
         





















7ª série / 8º ano B






















7ª série / 8º ano C
















































7ª série / 8º ano D